terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Crise mundial chegou ao futebol

O charme das transferências milionárias para os clubes europeus está seriamente ameaçado nas próximas temporadas por causa da crise econômica, que começou nos Estados Unidos e espalhou-se pelo mundo. Com menos capital girando, o mercado tende a não permitir orçamentos astronômicos como no caso do atacante Alexandre Pato, que, com apenas 17 anos, foi vendido pelo Internacional para o Milan, da Itália, por 20 milhões de dólares (cerca de R$ 43 milhões).

As principais alternativas para combater os efeitos da crise devem ser a redução dos altos salários e dos negócios com mercados emergentes, como os Emirados Árabes. Isso porque o mercado europeu está fragilizado. A maioria dos clubes são empresas, com ações nas bolsas de valores e que respondem a conselho de acionistas na hora de contratar, o que acaba exigindo estudos aprofundados em relação ao custo-benefício.

Clubes como Newcastle, Manchester United e alguns outros têm ações negociadas na City, a Bolsa de Valores de Londres, e, com a crise, sofreram duros golpes nas cotações de mercado. O milionário russo Roman Abramovich, dono do Chelsea, perdeu mais de R$ 43 milhões com a queda no valor das ações da sua empresa Evraz (produtora de aço), segundo a agência (de notícias?) Bloomberg. Situação complicada também vive o clube inglês West Ham. O patrocinador XL (empresa de viagem) faliu. O proprietário, o islandês Bjorgolfur Gudmundsson, perdeu quase toda a fortuna com a crise em seu banco, o Landsbanki.

No futebol italiano, a crise já afeta a Lazio. O clube simplesmente não consegue achar um patrocinador. Na Alemanha, os acordos de transmissão da Bundesliga acabam em meados de 2009 e o temor é de que o valor seja revisto para baixo. A conseqüência seria uma renda menor para todos os clubes.

No Brasil, Botafogo e Flamengo estão com a folha salarial atrasada por falta de crédito. Antes, os clubes atrasavam os salários, mas tinham confiança na realização dos pagamentos. Hoje, dependem dos investimentos dos bancos. Outro gigante do futebol brasileiro, o Atlético Mineiro, anunciou problemas para quitar os dois meses de salários atrasados. O Galo mineiro não vem conseguindo empréstimos bancários para quitar as dívidas. Os clubes brasileiros, normalmente, tomam dinheiro em bancos e oferecem, em troca, as cotas de televisão do futuro. Já o Vitória (BA) deve a um antigo parceiro US$ 3 milhões, que são pagos em prestações. Com a alta do dólar, a dívida ficou mais cara.